Boa parte dos adeptos dos muscle cars já conhece a história. Na metade final da década de 1970, os carros do segmento perdiam força de mercado e paulatinamente eram substituídos por outros menores e mais econômicos. O ciclo dos poderosos esportivos caminhava cada vez mais rápido para seu fim.
No meio de toda essa turbulência, a Ford brasileira dava mostras claras de que iria deixar de produzir o Maverick, um de seus mais bem sucedidos automóveis do segmento. Mas ainda houve tempo para criar, em 1979, a última série do modelo GT (Gran Turismo), que originalmente havia sido lançada no país seis anos antes, ao lado das versões Super e Super Luxo e que até hoje é uma das mais cultuadas por seus seguidores mais fiéis.
Os números não mentem. Em 1979, foram fabricadas 177 unidades do GT, e apenas 43 vieram equipadas com mecânica V8 302, da mesma forma que o carro que ilustra as próximas páginas. De propriedade do jogador de futebol Chris (zagueiro que atualmente joga no Bayern de Munique), o projeto de customização para o muscle car brasileiro ficou por conta de Fernando Baptista, o Batistinha, e sua equipe da Batistinha Garage, oficina especializada na capital de São Paulo.
“O fato de ser GT e ter um motor V8 já enriquece o projeto como um todo, sem dúvida. A intenção básica foi manter a aparência do carro, com as faixas características e também ressaltar ainda mais a tendência esportiva do carro em alguns aspectos mecânicos”, disse Batistinha.
“O fato de ser GT e ter um motor V8 já enriquece o projeto como um todo, sem dúvida. A intenção básica foi manter a aparência do carro, com as faixas características e também ressaltar ainda mais a tendência esportiva do carro em alguns aspectos mecânicos”, disse Batistinha.
De acordo com o customizador, o Maverick chegou à sua oficina em um estado de conservação satisfatório. Por baixo, o conjunto de suspensão continua original. Na parte dianteira, o GT ganhou molas mais fortes e amortecedores mais firmes para garantir uma dirigibilidade mais esportiva. Na traseira, o sistema original foi totalmente revisado, mas ainda mantém o sistema de feixe de molas.
A restauração da funilaria recebeu um cuidado principalmente no painel traseiro, para adaptação de novas lanternas originalmente utilizadas nos Mustang Shelby que deram um visual muito agressivo ao muscle nacional. As caixas de estribos também foram modificadas para abrigar as novas saídas de escapamento na lateral. Os frisos dos vidros e molduras das janelas foram mudados para a cor preta. Uma nova grade frontal Billet foi incorporada e o toque de modernidade fica por conta dos faróis Diamond.
O clima customizado foi reforçado com a escolha das novas rodas Centerline, aro 18 na dianteira e 20 na traseira. Elas estão calçadas com pneus Toyo, de medidas 245/40 e 265/30, respectivamente. Os retrovisores concha ainda são os de fábrica e as faixas pretas originais do GT, que adornam o capô e teto do carro, foram mantidos como uma das prioridades intocáveis. Originalmente verde, a nova pintura buscou uma tonalidade bem próxima da mesma, utilizando um pigmento pérola na base da tinta verde.
UPGRADE
Dentro do capô, a força bruta do GT vem de um motor 302 V8, que na época era importado dos Estados Unidos, Canadá e México. Ele se caracteriza por ter duas válvulas por cilindro, com potência original de 200 cavalos e torque máximo de 38,5 mkg. No carro de Chris, Batistinha realizou um upgrade mecânico com objetivo de manter a essência da peça e atualizá-lo em quesitos básicos de segurança e regularidade.
Assim, o 302 foi fortificado com um carburador quadrijet de 600 cfm e coletor de admissão Edelbrock Performer. As saídas de escape são 8 em 2, com abafadores da Flowmaster e ponteiras Borla. O comando de válvulas é um Crane de graduação 270. Como está no bloco, possibilita um aumento de rotação significativo. Os pistões ainda são os originais. Para resfriar os ânimos exaltados do motor com maior eficiência, foi instalado também um radiador em alumínio e uma hélice hidrodinâmica de sete pás. Todas as polias são de alta performance, também feitas em alumínio. A regularidade mais apurada do conjunto é garantida por um conjunto de distribuidor, bobina e módulo de ignição MSD. Novos cabos de vela de nove milímetros também foram colocados. A caixa de câmbio é original, com quatro velocidades. A nova combinação elevou para 250 cavalos a potência do motor.
A parte interna seguiu o mesmo conceito das demais. Desta forma, nada de mudanças muito radicais. As laterais das portas são originais e novos bancos da marca Rallye modelo Stradale, em couro, foram colocados. Nos encostos, a grafia CH 29, em alusão às iniciais de Chris e do número de sua camisa no Bayern, foram bordados. O volante é um Le Carra. A manopla de câmbio e os pedais ainda são os mesmos de fábrica, da mesma forma que os instrumentos do painel, acrescidos de um conta-giros Autometer. O toque de modernidade fica por conta de um MP3 player, com saída para iPod e dos falantes Pioneer.
“Todo projeto tem suas dificuldades e obstáculos. Cabe a quem está na frente do trabalho encontrar alternativas interessantes para supri-las. Neste Maverick, foi tudo muito tranqüilo e pensado. E já está planejada uma segunda etapa de instalações, com a incorporação de um câmbio de cinco velocidades, ar condicionado e direção hidráulica. Mas isso será uma outra história”, explicou Batistinha.
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